[opinião] Flamengo busca mudar o cenário das cotas televisivas, mas só conseguirá com o apoio dos demais
Após jogo contra o Boa Vista no FlaTV, torcedores e diretoria sonham em atingir novos patamares em relação às suas transmissões.
Reprodução/Lance! |
As cotas de televisão são uma das principais fontes de rendas das equipes de futebol, não só no Brasil como em todo o mundo esportivo, portanto um bom contrato televisivo pode resultar numa equipe mais competitiva que as demais. Obviamente, os times precisam de uma boa gestão para chegar a um patamar superior (como é o caso do Flamengo), porém com um bom dinheiro em mãos, os times possuem mais margem de erro, assim, podem arriscar mais e não ficar na defensiva no quesito investimentos.
Antes de 2019, os contratos televisivos mais recheados eram direcionados para os times de maior torcida: Flamengo e Corinthians possuíam os maiores cortes. São Paulo e Palmeiras ficavam logo abaixo. Outros times importantes, mas com torcidas não tão expressivas numericamente, recebiam uma quantidade muito menor. As mudanças contratuais de 2019 até 2024 modificaram o cenário e trouxeram um equilíbrio maior nas cotas, entretanto as quantias dos times mais populares caíram, entre eles o próprio Flamengo.
Na partida de ontem (01), o Flamengo não só transmitiu sua própria partida de futebol, mas também mandou um recado claro para a Globo de que o monopólio pode sim ser ameaçado. Claro que as comparações entre um jogo de futebol na maior emissora do país em horário nobre e um jogo transmitido no Youtube, não terá o mesmo engajamento, mas também não deixa a desejar.
O impacto desta transmissão foi visto no dia de hoje (02): a Globo rescindiu o contrato do Campeonato Carioca, pois o Flamengo o descumpriu ao transmitir a partida contra o Boa Vista no seu canal do Youtube. Ou seja, não terá transmissões do Campeonato Carioca na Rede Globo. A situação foi comemorada por muitos torcedores e até mesmo pelos dirigentes rubro-negros, e com razão. Nesta queda de braço entre o clube mais popular do Brasil e da emissora mais popular do Brasil, o Flamengo saiu com a vitória, por enquanto. Só que os próximos capítulos podem exigir muito da equipe carioca, pois a Globo tem muito poder de combate.
Entretanto, o futebol brasileiro, como um todo, não pode ser pensado numa singularidade. O Flamengo, mesmo com o seu ímpeto genuíno de querer mudanças, não vai conseguir modificar tudo sozinho. E se chegar a conseguir, o ganho é particular. Para conseguir mudanças reais, é preciso um engajamento coletivo.
E para isso o Flamengo pode se aproveitar da situação, pois muitas equipes possuem suas pendências com a Globo, e outros simplesmente querem ver a emissora carioca perder o monopólio. Porém, para isto acontecer, os clubes têm que se unirem em prol de uma causa coletivo, não individual. E nada melhor do que uma equipe que está tomando as rédeas do futebol brasileiro como o Flamengo para iniciar este embate. A tentativa da Turner no ano passado já foi de suma importante para abrir os olhos de muitos clubes, e dos torcedores também, que o esquema proposto da Globo é caro e individualista.
Se a luta do Flamengo for em prol do futebol brasileiro, é completamente válida e importante, mas se a questão for enriquecer mais ainda o clube, a ponto de o colocar num pedestal muito maior que os demais clubes, o Flamengo está criando um empasse para os outros clubes, não a solução. É a união dos clubes na Europa que transformaram as ligas, com destaque à Premier League, muito fortes e globalizadas, gerando ainda mais receitas. Por que no Brasil não pode ser igual?
São esses exemplos que o futebol brasileiro deveria se espelhar, pois o Brasil tem muito entretenimento a oferecer, e o Flamengo tem esse poder de conseguir chacoalhar as estruturas e tirar bom proveito das novas oportunidades. É a chance de esquecer a mania de grandeza que os times inventaram para si e deixar o clubismo de lado e começar a pensar num bem maior para todos.
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