A mais recente competição continental organizada pela UEFA já estreou e, com isso, traz novas discussões e detalhes do cenário esportivo da Europa.
Follow @lleoabrantes
 |
| Reprodução/ge.globo |
A grande novidade da temporada 2021/22 do futebol europeu, definitivamente, é o surgimento do torneio continental da UEFA, a Conference League. Oficialmente, o nome da competição é UEFA Europa Conference League, mas a maioria das pessoas a chamam apenas de Conference League. A grande motivação por trás do campeonato é a maior participação de equipes de países com pouca expressão no futebol europeu. Ou seja, 55 países estarão dentro da competição, incluindo países de pouquíssima expressão, como San Marino, Kosovo, Estônia.
Por outro lado, equipes dos principais países da Europa também vão participar, pois a competição ainda precisa chamar atenção da mídia. Mas, estão em número baixo e são os times mais fracos entre os mais fortes. Em suma, a criação dessa competição implica em novas consequências e desdobramentos para o futebol da Europa. A Conference League tem sua importância e pode mudar o panorama do esporte mais popular do mundo.
Ajuda no equilíbrio do futebol europeu
Antes de mais nada, vale relembrar do quão grande e recheado é o continente europeu. Apesar dos principais países chamarem muita atenção, tanto no futebol de clubes quanto no de seleções, o continente se destaca pela grande quantidade de times e seleções nacionais. No entanto, a visibilidade de Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e outros países é maior do que todo o resto do continente. Portanto, a proposta da Conference League é dar mais espaço para países como Irlanda, Israel, Armênia, entre outros.
As más-línguas tentam convencer de que a nova competição nada mais é do que a Série C da Champions League. E pior que estão certos. Certamente, o nível de futebol que será visto na Conference se diferenciará bastante em comparação à principal competição do mundo futebolístico. No entanto, essa é a proposta do torneio: dar espaço para essas equipes que, normalmente, não tem espaço nenhum. Ou seja, as equipes mais fortes podem ganhar um novo título e as mais fracas finalmente podem disputar uma competição continental.
Essa proposta vai conseguir criar um cenário mais competitivo no futebol europeu. Agora, muitas ligas de países pequenos, ou que não possui um cenário futebolístico muito forte, vão começar a brigar por vagas na Conference e fortalecer o campeonato local. Além disso, a nova competição da UEFA é sinônimo de mais capital entrando nas equipes. Ou seja, se fizerem um bom trabalho de administração, essas equipes menores podem evoluir e equilibrar a balança da Europa, que está muito forte para o lado das principais potências do continente. Dessa forma, a Europa Conference League busca dar espaço e recursos para clubes de países pequenos terem a chance de crescerem também.
Melhora a visibilidade de alguns clubes
Por mais que a competição não tenha o mesmo apelo que a Liga dos Campeões e a Liga Europa, ainda se trata de uma competição da UEFA. Portanto, ela vai receber transmissão na televisão - aqui no Brasil os canais ESPN já estão transmitindo -, cobertura de sites especializados e espaço na mídia nacional e internacional. Por exemplo, quando uma equipe de Andorra disputar um jogo nesta competição, a cobertura no país será muito grande, sem falar no engajamento do esporte por lá.
Além disso, as pessoas podem se impactar com as histórias de alguns novos clubes, da geopolítica entre alguns países e, possivelmente, criar algum carinho por elas. Certamente, muitas equipes estarão no FIFA 22, o que pode ser ótimo para fixa-los ainda mais na mente da nova geração. Enfim, essas equipes podem evoluir não só o seu nível de futebol, mas também expandir a marca e a importância do esporte no seu país, o que é ótimo para influenciar as próximas gerações.
A chance de título para times mais fortes
Em contrapartida, mesmo com a presença de equipes com pouquíssima expressão, as maiores chances de título estão concentradas nos times mais fortes da competição. Ou seja, Tottenham e Roma são disparados os favoritos ao título. Pois, essas equipes poderiam estar tranquilamente na Champions League e brigar por vagas nas oitavas de final. Porém, não foram tão bem na liga nacional da temporada passada e garantiram vaga na Conference League.
Apesar de muitos acreditarem que isso foi uma punição pela temporada abaixo, pode se transformar numa grande oportunidade de ganhar algum título. Por exemplo, ambos os times citados ganharam um troféu de importância em 2008, nas copas nacionais de seus respectivos países. Portanto, ganhar a Conference League pode tirar esse peso todo dos ombros, renovar o ambiente e as expectativas da instituição e consolidar o trabalho dos novos treinadores.
Além disso, pode ser a chance de outras equipes que estão abaixo de Tottenham e Roma, mas bem acima de outros times. Entre elas, podemos falar sobre Rennes, Feyenoord, Union Berlin, Copenhague, Basel. Todos possuem um nível menor, e a Conference League é o palco pra elas se desenvolverem ainda mais. Obviamente, precisam consolidar trabalhos administrativos, para que possam chegar em níveis de Champions League ou Europa League. Mas, essa nova competição ajuda no processo.
As seleções também sofrem o impacto
Não só o impacto da competição pode ser positivo para os clubes, como também para as seleções mais fracas da Europa. Trata-se de uma bola de neve que está surgindo: os times vão enriquecendo, as estruturas de categorias de base melhorarão, as seleções nacionais vão colocar esses novos talentos para jogar constantemente e por aí vai.
Essa estrutura que está se formando nos clubes de futebol é similar à Liga das Nações, que tem quatro divisões (A, B, C e D), dividindo as 55 federações. Nesse cenário, times de mesmo nível se enfrentam e competem de igual pra igual, visto que San Marino não consegue competir com Inglaterra, por exemplo. Agora que os clubes de baixa expressão vão conseguir mais recursos, tirados e fomentados pela presença da Conference League, o futebol de seleções desses países menores pode crescer e equilibrar a balança europeia. Ou, pelo menos, diminuir a desigualdade que existe atualmente.
Comentários
Postar um comentário