O treinador português mostrou o seu estilo de jogo único no Brasil e deixou uma mensagem importante para as equipes.
Divulgação/Twitter Flamengo |
Foi confirmado pelo Flamengo nesta última sexta-feira (17) a saída do treinador português Jorge Jesus. Ele retornará ao Benfica, time que ele treinou em 2009/10 e 2014/15, como uma nova esperança para o time português voltar a rota de títulos. Jesus havia aceitado uma renovação de contrato com o Flamengo até junho de 2021, mas a insistência do time português pelo treinador venceu.
O Mister sai do Brasil com incríveis 81,3% de aproveitamento dos 57 jogos que disputou desde julho de 2019. Outra marca considerável é quantidade de títulos: cinco, o que é maior que a quantidade derrotas: quatro. O impacto na equipe rubro-negra é inegável, porém o seu impacto no Brasil foi além do que se imaginava. Ele expôs as fragilidades do futebol brasileiro, simplesmente mostrando o futebol europeu aqui no país tupiniquim.
Ao oficializar a contratação de Jorge Jesus, um treinador português com bagagem e currículo forte, o Flamengo mostrou que a necessidade de um elenco poderoso é um treinador idem, e ao sair do Brasil para tentar encontrar a figura correta, já era um indício de como o Brasil estava com defasagem de comandantes. Ao chegar no Brasil, o começo foi complicado, não só da rejeição de algumas pessoas com treinadores estrangeiros, mas também do entendimento do seu estilo de performar em campo.
Com o tempo, os jogadores foram assimilando melhor, o Flamengo contava com diversos jogadores com experiência européia, onde lá as ideias táticas são muito mais fomentadas entre a comissão técnica e os jogadores. O ponto de virada da equipe rubro negra foi após perder para o Athlético Paranaense, na Copa do Brasil, e um 3 x 0 para o Bahia, o que fez com que Jesus pudesse acertar o time e embalar uma sequência maior. Desde vitórias contra rivais cariocas à classificação disputada contra o Emelec pela Libertadores, até aí o Flamengo já conseguia mostrar a sua força como time (ou seleção?).
O impacto da melhora significativa do treinador foi muito assimilado por todos, como um grande baque numa estrutura rígida que era o futebol brasileiro. O jogo intenso, a linha alta e a agressividade (no bom sentido, claro) eram situações as quais os times não eram habituados a confrontar, o que transformava qualquer jogo do Flamengo em espetáculo e em uma chuva de gols. Até mesmo times fortes como Palmeiras e Grêmio não foram páreos e levaram três gols cada um.
Além disso, a pressão das torcidas adversárias fez equipes como Palmeiras e Corinthians questionarem seus treinadores da época - Felipão e Carille -, técnicos definitivamente mais defensivos, ao contrário de Jesus, um treinador ofensivo nato. Pode-se dizer que a mudança do cenário brasileiro começou com a contratação de Jorge Sampaoli pelo Santos, mas o técnico argentino não tinha em mãos um elenco recheado como do Flamengo, além do fato de Sampaoli carregar traços comuns em treinadores brasileiros, já Jesus trouxe algo totalmente diferenciado.
O futebol brasileiro vive de momentos. Sempre terá times que se apegam a uma estratégia, vivem com ela e são campeões, independentemente qual for. Em 2017, o time defensivo de Carille abriu as portas para outros times defensivos surgirem em 2018: São Paulo, com Diego Aguirre, e Palmeiras, com Felipão. Já em 2018, o sucesso de Felipão trouxe de volta, em 2019, treinadores com grandes conquistas: Vanderlei Luxemburgo, no Vasco, e Abel Braga, no Flamengo. Após o grande ano de Jesus, isso não foi diferente: Eduardo Coudet e Jesualdo Ferreira são alguns exemplos de estrangeiros, sem mencionar o apelo maior por times ofensivos com Luxemburgo, pelo Palmeiras, e Tiago Nunes, com o Corinthians.
Ainda assim, Jorge Jesus conseguiu, no seu breve período no Brasil, ser um dos maiores impactos destes últimos anos. O treinador português simplesmente expôs a ineficiência do futebol brasileiro na questão tática, algo que já havia sido provado no 7 x 1 em 2014, mas que muitos trataram como exceção. O impacto do Flamengo vitorioso, o time de Jorge Jesus, mostra que tática e técnica compõem uma das mais belas canções do futebol. Uma canção que pode ser representada pelo grito de campeão nas arquibancadas. Jesus deixará no Brasil a busca por profissionalização dos treinadores, mas também a necessidade de conhecimento e destreza dos dirigentes para transformarem seus times em campeões.
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