Depois de tantos títulos em sequência e uma dominância por completo, a Juventus pode estar vendo o fim de sua hegemonia.
Divulgação/Twitter JuventusFC |
Talvez o maior dos sonhos de todas as equipes de futebol do mundo é conseguir alcançar aquele velho ditado: "chegar no topo é difícil, mas se manter nele é ainda mais". Uma hegemonia no futebol é o ápice do sucesso para um clube, pois é o bom trabalho de diversas áreas dentro do clube em sintonia, até mesmo daquelas mais questionáveis, como a administração e o financeiro.
Uma das poucas hegemonias do futebol de elite atualmente se encontra na Itália. A Juventus é campeã desde 2011/12 do Campeonato Italiano, totalizando 36 títulos com a conquista da temporada passada; isso é o dobro dos segundos colocados Milan e Inter, que tem 18 cada um. Com essa supremacia dentro da Itália, a Juventus voltou a se tornar uma das equipes mais fortes de toda a Europa, após ter sofrido uma queda para a segunda divisão em 2005 e ver Milan e Inter dominarem o cenário italiano.
Contudo, é impossível manter uma superioridade tão grande assim, uma hora a história tem que acabar, e esse momento pode estar mais próximo do que nunca. A temporada 2020/21 mostra um time irregular, que ganha alguns jogos bem, perde outros e empata com frequência. Mas o desempenho inicial não é o que pode comprometer a temporada, e sim as mudanças e o cenário italiano atual.
Praticamente tudo novo
Maurizio Sarri, um dos principais personagens da rivalidade que Napoli e Juventus estabeleceram nos últimos anos, chegara a Turim após uma temporada questionável no Chelsea. Contudo, o seu estilo de jogo diferente de Allegri e Conte, os resultados abaixo do esperado e o relacionamento ruim com os principais jogadores custaram o cargo. Mesmo com Pochettino disponível no mercado, a Juventus resolveu apostar num recente ídolo do clube, mas velho da Itália: Andrea Pirlo.
Sem nenhum clube dirigido e ainda com 41 anos, Pirlo estreou na Juventus com uma vitória por 3 a 0 contra a Sampdoria, mas, até aqui, a equipe ainda não engrenou no Campeonato Italiano, ocupando a quinta colocação. A dificuldade inicial, porém, não é culpa de Pirlo porque faz parte de qualquer começo de trabalho ser irregular, principalmente se você está treinando um time pela primeira vez durante uma pandemia global. A questão é que Pirlo é um trabalho a longo prazo, e pode demorar algum tempo para engatar a quarta e quinta marcha.
Não só bastasse o treinador como também muitos jogadores do elenco são recentes no clube, o que dificulta ainda mais qualquer processo de transição. De Ligt, Danilo e Rabiot entraram na sua segunda temporada; Arthur, Mandragora, Chiesa e McKennie foram contratados recentemente e já entram na equipe com frequência. Com exceção de Danilo e Morata, grande parte das contratações são jovens jogadores que podem demonstrar muito potencial futuramente, mas isso demanda tempo e trabalho, e pode colocar em risco a soberania branco e preto na Itália.
A ascensão dos times italianos
Após sete rodadas, o Milan é líder do Campeonato Italiano. Se fosse a dez atrás, provavelmente não seria surpresa, mas se fosse a cinco anos atrás, poucos acreditariam. Hoje o sentimento é igual de cinco anos atrás, de pura surpresa. Depois de muitos anos de domínio da Juventus, Napoli e mais atrás a Roma, outras equipes italianas evoluíram para embolar ainda mais um dos campeonatos mais subestimados da Europa.
As equipes mais tradicionais como Milan e Inter viviam fases complicadas no futebol. Depois de ambas terem conquistado muito entre 2000 e 2010 - o Milan desde 1990 -, o ciclo de muitos jogadores se encerraram e a renovação demorou pra chegar. Juntas, elas viram a Juventus disparar em títulos. A Inter de Milão foi a primeira a começar a se reerguer depois da chegada do treinador Luciano Spalletti, e hoje retoma os holofotes da Europa com Antonio Conte de treinador e Lukaku e Lautaro como estrelas. Já o Milan teve outras dificuldades, mas vive um bom momento agora com o treinador Stefano Pioli e o atacante Ibrahimovic.
Além disso, outra equipe que crescera: a Atalanta foi uma das gratas surpresas não só da Itália como de toda a Europa. Com seu estilo peculiar de jogar um futebol ofensivo, a equipe da cidade de Bergamo mostrou ser um desafio para os times mais fortes da Itália, desde a chegada do técnico Gian Piero Gasperini em 2016, onde terminou na quarta colocação. Anos depois já estaria na Champions League e seria uma das sensações do futebol mundial.
A retomada da competitividade na Itália foi fundamental para a importância da liga, que havia perdido o interesse de muitos telespectadores nos anos passados. E agora que a Juventus vive um momento de transição e as outras equipes mais fortes, a chance de um novo campeão surgir é enorme. Poderá ser o fim de uma das maiores hegemonias da história do futebol, porque da Itália já é.
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