As confusões em torno da diretoria atingem a equipe e atrapalham o rendimento dentro de campo.
Foto: Alex Caparros/Getty Images |
Quando o Barcelona aplicou um placar de 3 a 0, no Camp Nou, pela semifinal da Champions League de 2018/19, a crise era algo que nem passava pela mente dos torcedores da equipe catalã. Depois da virada sofrida uma semana depois, novas dúvidas começaram a surgir: o papel da liderança de Messi, os investimentos errados, o elenco envelhecido. Naquela época, os problemas começavam a surgir e acompanhariam a equipe nas próximas temporadas.
De lá para cá, a vida do Barcelona não foi a mesma: demissões de dois treinadores, perda de títulos, goleadas em Champions League, caos na diretoria e, mais recentemente, o Barçagate, operação da polícia que levou o ex-presidente Josep Maria Bartomeu preso. Com esse cenário, o Barcelona transformava-se numa equipe onde o foco maior era na diretoria e nas polêmicas do que no futebol em si.
E para quem nasceu nos anos 90 ou 2000, foi estranho ter que lidar com um Barcelona em crise, com a atenção voltada aos diversos problemas na diretoria. Era costume enxergar a equipe catalã como um dos antros futebolísticos modernos, com um estilo de jogo, mais difundido por Pep Guardiola, revolucionário. Até mesmo recentemente com o trio MSN, que proporcionava grandes momentos e vários gols para ver e rever a todo momento. Com toda essa excelência dos últimos anos, a diretoria não correspondeu com o nível de grandeza da equipe.
Com isso, quem mais sofria dos problemas executivos eram aqueles que mostravam a cara todo jogo, ou seja, técnicos e jogadores. O ex-treinador Ernesto Valverde, que comandou o Barcelona de 2017 até o começo de 2020, foi um dos culpados, mas depois do rendimento ainda pior do novo treinador, Quique Setién, a culpa foi se espalhando e chegou no principal jogador.
Dono de uma característica mais introspectiva e mais quieta, Messi não é um daqueles jogadores enfáticos e brigadores, onde na Argentina, possuem vários. A falta dessa garra chamou a atenção de muitas pessoas contra o jogador, principalmente nas partidas derradeiras de Champions League, as quais o Barcelona sofreu derrotas expressivas. Portanto, a culpa caiu em cima de Messi, e com razão, pois era o mais palpável na época. Hoje, é nítido como era a ineficiência administrativa do Barcelona reverberando no núcleo de futebol.
Não apenas durante os vexames como também antes, quando muitos achavam a situação da equipe tranquila, com ainda Xavi, Iniesta, Busquets e Pique em alta, que a diretoria vem errando. Seja por conta de investimentos errados - a grande maioria na tentativa de encontrar o novo Neymar - ou por falta de uso da base, o Barça esqueceu que o elenco envelheceria e deixaria de jogar em alto nível. Até mesmo depois da saída de Iniesta, a equipe conseguiu jogar bem, mas por pouco tempo. A diretoria não mediu esforços para tentar superar o rival, que havia vencido três Champions League seguidas, e gastou muito dinheiro; assim, endividando o time e minando o futuro cada vez mais.
Contudo, no que tange ao futebol, elenco e rendimento do time, Messi tem culpa também. Ele foi um dos responsáveis por fomentar a necessidade de um substituto de Neymar - ou em repatriar o próprio brasileiro -, fechou grupinhos no próprio elenco e minou as oportunidades de Setién ter um bom trabalho. Em destaque para os problemas no elenco, que se assemelhou muito com outros confrontos que o jogador teve na Seleção Argentina. Também, o escarcéu midiático sobre a permanência ou não do jogador e o salário astronômico não foram algo que ajudaram muito sua imagem.
No geral, Messi também foi um dos culpados da crise na equipe, mas o seu tamanho nisso nada se compara com o da diretoria, que podou um grande futuro que o argentino poderia dar ainda. Esquecendo de dar valor para os jovens de La Masia e de criar um plano convincente para o futuro, a diretoria conseguiu pilhar os ânimos do elenco através de contratações exageradas e decisões polêmicas, algo que acabou e vem acabando com a força do Barcelona na Europa e na Espanha.
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