As chaves do Tampa Bay Buccaneers campeão do Super Bowl LV

Os Buccaneers conseguiram tirar do papel um sonho que parecia muito complicado e contaram com a excelência individual e coletiva.



Raymond James Stadium em festa
Divulgação/Twitter Tampa Bay Buccaneers

Um dos grandes motivos pelo apelo tão grande que a National Football League possui é o curto período de tempo da temporada regular. Mas, apesar de apenas 16 jogos, existem muitas variantes durante esse período, dificuldades e novos desafios a se enfrentar; sem falar dos playoffs, que aparentam ser uma outra temporada. Portanto, garantir as primeiras posições numa conferência, não é sinônimo de Super Bowl, nem de título, mas é um grande passo para isso.

O ano de 2020 foi uma loucura, mas não foi mais louca que a temporada 2020 do Tampa Bay Buccaneers. No final, assim, com todos celebrando a conquista, é difícil lembrar dos problemas, dos altos e baixos e dos questionamentos que rondavam essa equipe e, principalmente, Tom Brady. Contudo, lembrar dos problemas é que torna o título ainda mais incrível, pois mostra a resiliência e o trabalho feito, sendo mais fácil de analisar os pontos fortes que tornaram essa aposta em realidade.

Uma defesa agressiva

O desempenho da defesa nos playoffs, em especial nos últimos jogos da temporada, contra Green Bay e Kansas City, foi especial. As linhas ofensivas de ambas as equipes não conseguiram conter as pressões dos jogadores de linha defensiva e dos linebackers dos Buccaneers, que, juntando as duas últimas partidas, derrubou os quarterbacks adversários em sete ocasiões - sem falar nas diversas pressões e nas mágicas de Patrick Mahomes para se safar do sack.

E todo esse desempenho não é inesperado, até porque os Buccaneers dominaram a NFL nas estatísticas de defesa terrestre durante a temporada regular, sendo a equipe que os times menos tentam correr, menos conseguem touchdowns terrestres, menos ganham jardas e possuem o menor número de jardas por tentativa. Com essa força nas trincheiras, situações de passes são mais óbvias, principalmente se for em 3ª descida, o que abre caminho para os jogadores de linha, como Ndamukong Suh, Jason Pierre-Paul e Shaquil Barrett, avançarem no quarterback.

Nesse mesmo cenário complicado para uma equipe que enfrenta os Bucs, entra a agressividade do Coordenador Defensivo Todd Bowles. O Tampa Bay Buccaneers é a equipe que mais solta Blitz na liga, com 39% das jogadas dessa maneira. Essa agressividade explica um pouco os nove sacks de Devin White na temporada, um inside-linebacker. Assim, com um front-seven poderoso, a equipe pôde esconder a fraqueza da secundária -  a 11ª que mais cede jardas por passe -, a qual conseguiu ser responsável por algumas derrotas na temporada regular, quando o adversário conseguia proteger o quarterback.

Era de se esperar que a fraqueza da secundária da equipe da Flórida seria a responsável por comprometer o título, ainda mais quando a equipe é a que mais manda Blitz da liga, sobrando ainda menos opções para conter passe. Todavia, Packers e Chiefs, com suas linhas ofensivas desfalcadas, não foram capazes de segurar as pressões. Além disso, Bowles chamou menos Blitz, até mesmo quando uma parecia eminente, e colocou seus rápidos linebackers para conter passes curtos, o que inviabilizou ainda mais os ataques de Rodgers e Mahomes. Não só a estratégia para as partidas venceu como também toda uma filosofia agressiva e inteligente de jogar.

O modo de jogar de Bruce Arians

Muitos fãs de NFL não tem um quarterback de elite em seus elencos, e muitas vezes pensam como queriam tal jogador em seu time. Bom, para um torcedor esperançoso dos Buccaneers isso finalmente aconteceu. A chegada de Tom Brady à uma equipe pouco badalada da liga mudou os ares de toda a equipe e de como ela é vista, com direito à uniforme novo ainda por cima. Mas, se tratando de jogo, Brady seria aquele sonho de torcedor, onde o jogador entra do nada e acaba com uma partida inteira, e isso seria muito possível pelo encaixe do quarterback com Bruce Arians.

Antes detentor de dois anéis do Super Bowl, um como Técnico de Wide Receivers e outro como Coordenador Ofensiva, Bruce Arians venceu seu primeiro como Head Coach, e o motivo disso pode estar ligado ao jogo aéreo dos Bucs. O treinador gosta de um estilo de jogo vertical, com passes longos, algo que fez bastante em Arizona e no ano passado, nos Bucs. Esse estilo pode ser muito difícil de ser executado caso sua equipe não tenha um bom quarterback, boa linha ofensiva e bons recebedores. Para a temporada 2020, Arians ganhou Tom Brady, a linha ofensiva foi reforçada e Antonio Brown chegou para melhorar ainda mais o corpo de recebedores.

Apesar das inconstâncias do ataque em certos momentos da temporada regular e até no jogo contra os Packers, foi a segunda equipe que mais ganhou jardas por passe e, também, a segunda que mais fez touchdowns aéreos. Brady lançou para 40 touchdowns na carreira, segundo maior número na carreira, mas também lançou 12 interceptações, número similar aos primeiros anos de carreira. As duas estatísticas elevadas mostram como o sistema pode ser difícil de ser posto em prática, mas, apesar de tudo, Tom Brady conseguiu se superar mais uma vez num sistema novo pra ele.

O fator Tom Brady

Muitas pessoas podem não gostar de Tom Brady por algum motivo, tá tudo bem, mas é difícil negar a importância como um líder que ele possui. Não apenas durante as vitórias como também nas derrotas, onde o quarterback se responsabiliza e aceita as críticas. A presença dele numa equipe tranquiliza qualquer mal momento - por exemplo, nas duas derrotas para os Saints e nas duas seguidas para Chiefs e Rams -, pois se ele não se abater, ninguém vai.

Com seus 43 anos de idade, Brady muitas vezes é ofuscado pelas qualidades técnicas de outros jogadores, mas o seu potencial de líder e impacto emocional numa partida é brutal. E o fator emocional foi importante para superar as discussões com os jogadores dos Chiefs, no Super Bowl, e as três interceptações contra os Packers, pelo título da NFC, num momento onde parecia inevitável uma virada.

Com um corpo de recebedores invejável e, de longe, a principal figura do time, Brady conseguiu tudo o que quis. A ida para Tampa Bay pode ter sido difícil de compreender inicialmente, uma aposta frustrada de alguém que saiu frustrado de um time histórico, porém transformou-se no espaço onde Tom Brady pôde acabar com muitos argumentos contra ele e se solidificar cada vez mais como um dos maiores esportistas da história.

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