As chaves do título do Palmeiras na Libertadores

Os principais pontos que transformaram a equipe de quase rebaixada para campeã da América.

jogadores posando para a foto comemorativa
Foto: Divulgação/Twitter Palmeiras

Apesar de nos últimos anos diversas equipes brasileiras terem conseguido chegar nesse feito, sempre é muito interessante falar sobre o campeão, principalmente se ele não vencia o torneio há mais de 20 anos. De 16 de junho de 1999 até 30 de janeiro de 2021, a equipe do Palmeiras passou pelas piores fases de sua história e ainda viu seus rivais alcançando feitos inimagináveis. Mas depois de tempos difíceis, mais precisamente depois de 2014 - o ano do centenário -, a equipe começou a construir o seu caminho, e o que antes parecia um problema, agora virou parte da história de superação.

Ao alcançar o seu segundo título de Libertadores, com o improvável gol do improvável Breno Lopes, o Palmeiras finalmente se livrou de tantas cobranças, dos erros passados, e deu lugar ao alívio, de que o esforço passado havia sido recompensado. Contudo, não é qualquer equipe pode corrigir seus erros vencendo uma Libertadores. Um time que queira alcançar um novo status precisa passar por muitas etapas, assim como a equipe alviverde passou.

A experiência no torneio

Obviamente que, quando o Palmeiras retornou à Libertadores em 2016, após ter vencido a Copa do Brasil em 2015, a equipe queria ganhar. Mas para ganhar um torneio tão competitivo, era preciso de um melhor comando, de melhores jogadores, de melhor comportamento; e o Palmeiras não tinha nada disso. A eliminação na fase de grupos daquele ano pode ter sido dolorosa, mas não foi em vão, pois fazia parte do processo.

No ano seguinte, após ter vencido o Brasileirão 2016, o Palmeiras já era uma outra equipe: com melhores jogadores e uma experiência de jogos grandes bem maior, algo que foi fundamental para conseguir avançar de fase e enfrentar jogos intensos no torneio. Estar presente consecutivamente na Libertadores e vindo de um título brasileiro, ameniza qualquer ansiedade pré-jogo, e ainda dá combustível para que o Palmeiras consiga virar partidas e não se entregar psicologicamente, como aconteceu duas vezes contra o Penarol.

Nos anos seguintes, vindo de título no ano anterior ou não, fez com que os torcedores, jogadores e dirigentes ficassem mais a vontade com o torneio, não minimizar sua importância, mas sim suportar seu peso mais tranquilamente. Eliminado na fase grupos, em 2016; nas oitavas de final, em 2017; nas quartas de final, em 2019; e nas semifinais, em 2018: com exceção da final, o Palmeiras viveu todos os cenários possíveis de derrota.

Apesar de não ser algo tão notável, cada ano somava ainda mais experiência para o Palmeiras. E, depois do título, as derrotas ganham mais significado, deixando a ideia de vexames ou derrotas assombrosas de lado e colocando-as como parte do processo. Na real, sempre fora parte do processo, mas o instinto do agora sempre pesará mais. Apesar do elenco atual ter muitos jovens e outros que chegaram há pouco tempo, o Palmeiras é uma equipe recorrente na competição, o que instaura uma bagagem maior e abaixa a tensão, sobrando apenas o desejo.

A obsessão

De fato, uma obsessão. Uma cantiga que era sempre cantada - e provavelmente nunca mais deixará de ser - nos estádios parecia antes um sonho longínquo, que acabou se tornando um lema de guerra e de esperança para os torcedores e jogadores. Mesmo se tratando de uma palavra difícil, ela jamais era esquecida quando o assunto era Copa Libertadores da América.

Mesmo que a vontade de ser campeão fosse gigante, a vontade de se igualar aos rivais era tão gigante quanto. Depois de 1999, o Palmeiras viu: São Paulo, Internacional (2x), Santos, Corinthians (!!!), Atlético Mineiro, Grêmio e Flamengo; sem esquecer de diversas campanhas importantes, como a do Fluminense, em 2008, e a do Cruzeiro, em 2009. Além disso, o aumento das provocações de que a equipe não tinha Mundial era mais um combustível para essa obsessão. O caminho do Mundial de Clubes é pela Libertadores.

Com isso, os jogos de Libertadores eram totalmente diferentes de outros: a torcida era ainda mais barulhenta, os jogadores se entregavam um pouco mais e a tensão no ar era ainda maior. Os torcedores já haviam visto título da Copa do Brasil e do Brasileirão, só faltava o da Libertadores, para poder superar uns, alcançar outros e ficar mais próximo dos mais vitoriosos; sem falar, é claro, da chance de vencer o Mundial e acabar com uma das maiores provocações que existem. Todas essas possibilidades não pareciam nada impossíveis, até porque o Palmeiras se reestruturou e elevou seu patamar.

Os investimentos

O dinheiro é sempre uma questão pertinente no futebol, principalmente num cenário de um futebol brasileiro praticamente tomado por clubes endividados e até punições da FIFA. Quando falamos de Palmeiras, a primeira coisa que vem a mente é a Crefisa. A empresa gerenciada pela atual conselheira do time, Leila Pereira, é um dos principais símbolos da boa fase da equipe e um argumento para os rivais descredibilizarem a boa fase palmeirense - mesmo sendo comprovado que não é a única força financeira da instituição.

Com uma patrocinadora forte, um estádio lucrativo e gordas receitas de televisão, o Palmeiras conseguiu uma reestruturação, até chegar num ponto onde não ganhar títulos era um absurdo e que a meta era sempre vencer a Libertadores. Com alguns percalços no meio do caminho, por desempenho ou investimento, uma das primeiras polêmicas que apareciam tinha o envolvimento do patrocínio como argumento, seja pela imprensa ou pelos torcedores.

Mas a realidade é que, podendo ser investidos milhões e milhões da noite para o dia em qualquer time do planeta, não é sinônimo de vitória. O PSG que o diga. É possível ser campeão com poucas condições financeiras, como o Santos, mas sendo um clube mais estável financeiramente, suas chances aumentam consideravelmente. O dinheiro, com certeza, levou o Palmeiras ao nível onde está há anos, e isso não é demérito nenhum, é apenas o resultado do bom uso dele.

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