O golaço histórico de Kaká não foi suficiente para o Milan ganhar a partida pelo jogo de ida da semifinal da Champions League 2006/07.
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Nesta quinta-feira (11), pela UEFA Europa League, Manchester United e Milan se enfrentam novamente por um torneio continental. Como as equipes são de países diferentes e passaram por más fases nesta última década, o reencontro dessas grandes forças europeias foi mais dificultado. Agora, ambas as equipes estão no processo de retomar a força que elas tinham nos anos 90 e 2000. E nada melhor do que pensar no futuro delas relembrando de como era estar no topo.
No dia 24 de abril de 2007, Old Trafford, Manchester, Inglaterra, um dos grandes jogos da história da Champions League acontecia. Também marcava duas das melhores apresentações individuais da história, além do gol de Kaká, que é lembrado com muito carinho depois de anos. O jogo de ida da semifinal ganhou muito apelo por conta das apresentações de Kaká e Rooney, mas também pelas duas viradas de placar, com direito a gol nos últimos minutos. Mas para quem não está acostumado com o nível altíssimo das duas equipes, aquele embate era enorme.
O contexto da época
Começando pela equipe que sediou o primeiro jogo, o Manchester United venceu a Liga dos Campeões em 1998/99, mas de lá até 2007, não obteve tantos sucessos. Foram três quedas nas quartas de final, uma na semifinal e uma sequência de duas quedas nas oitavas de final e uma na fase de grupos, no ano anterior ao confronto com o Milan. Já na Premier League, as campanhas eram mais estáveis e a equipe nunca deixou de sair das primeiras posições após o bicampeonato em 1998/99 e 1999/00; e ainda faturou o campeonato em 2002/03.
Naquele ano, mesmo tendo perdido o artilheiro da temporada passada, Van Nistelrooy, a equipe fazia uma campanha irretocável na Premier League, com um ataque bastante goleador - 83 gols marcados na competição. Na Champions League, o time não obteve muitas dificuldades, até perder por 2 a 1 para a Roma, no jogo de ida das quartas de final, mas acabou aplicando um 7 a 1 no jogo da volta e chegava forte para a próxima fase.
O adversário do United seria o Milan, equipe que faturou a competição continental em 2002/03, logo no primeiro ano do ex-jogador e ídolo do time Carlo Ancelotti assumir o comando técnico. No ano seguinte, a equipe seria campeã italiana, e nas temporadas seguintes, teria algumas dificuldades no caminho, mas chegaria nas primeiras posições mesmo assim. Já na Liga dos Campeões, o time era bastante forte, chegando na final em 2004/05 e na semifinal em 2005/06.
Durante a temporada 2006/07, a equipe perdeu um dos pilares ofensivos, o atacante Shevchenko, o que sobraria maiores responsabilidades ofensivas para Kaká, Gilardino e Filippo Inzaghi. No rendimento, o Milan demorou a engrenar no campeonato italiano, enquanto na Champions terminou o grupo H em primeiro. Nas oitavas, passou pelo Celtic na prorrogação, depois derrotou o Bayern de Munique por 2 a 0, fora de casa, no jogo da volta das quartas de final. Os Rossoneri também vinham fortes para a sequência da competição, mas com uma temporada abaixo do adversário.
Os 90 minutos
Depois de tantas partidas na temporada, finalmente a semifinal começava para ambas as equipes. Logo de cara, o Manchester United começou pressionando o adversário lá na frente, o que ocasionava em erros por parte do visitante, e a bola retornava ao mandante. Em uma das pressões bem sucedidas, Wayne Rooney ganhou um escanteio para a equipe, mas quem cabeceou foi Cristiano Ronaldo; Dida até que defendeu à queima-roupa, mas a bola subiu e depois de um último esforço do brasileiro, a bola entrou. Gol contra de Dida, 1 a 0 Red Devils.
Depois do tento, o Milan conseguiu crescer na partida, segurando mais a posse de bola, chegando ao ataque e finalizando. A principal arma era, sem dúvidas, Kaká. O brasileiro recebia passes entre as linhas, passava a bola para os companheiros desmarcados e, principalmente, infiltrava nos curtos espaços para receber essa bola em velocidade. E justamente com essa jogada que o meia-atacante cruzou a última linha de defensores e bateu cruzado na meta de Edwin van der Saar. Gol de Kaká, 1 a 1.
Após o gol sofrido, Alex Ferguson soltou mais a equipe novamente, voltando a partida. Antes do gol italiano, Cristiano Ronaldo era um dos principais jogadores da partida, pela capacidade de puxar contra-ataques e sair da marcação com facilidade. Depois do gol, o português continuou sendo essa força, principalmente pelo lado esquerdo, onde conseguia dobrar com Patrice Evra. O Manchester também tinha Carrick, Fletcher e Paul Scholes na armação por trás, servindo muitas bolas longas e cruzamentos.
Mas toda essa pressão, que foi mantida até próximo do fim da primeira etapa, não teve tantos sucessos. Depois de receber um lançamento longo, Kaká deu um chapéu no primeiro marcador e, quando o jogador da cobertura e o que tinha levado o chapéu vinham correndo pra cima dele, com um toque de cabeça o brasileiro fez com que eles se colidissem, levando a bola mais a frente e tirando do goleiro. Gol de Kaká, que ficaria marcado na história e que dava a vantagem no placar, 2 a 1 Milan.
Após o intervalo, a segunda etapa começou, mas sem Paolo Maldini, que havia saído lesionado. Minutos depois Gattuso também se contundiria e deixaria a partida, sobrando apenas uma substituição para Ancelotti. O Manchester não teve dó e atacou bastante o Milan no início do segundo tempo, agora rodando mais a bola, sem ficar muito preso no lado esquerdo.
Depois da pressão inicial, o Milan retornou ao jogo mais ofensivo, novamente explorando a velocidade de Kaká, que era sempre acionado pelos bons passes de Seedorf ou Pirlo. A equipe italiana teve diversas chances e ainda perdeu boas oportunidades de ampliar mais o placar. Porém, o United estava melhor, e a maior circulação da bola pelo campo foi bom as criações de jogadas, a fim de explorar os lados e a velocidade de Cristiano.
Apesar da força das laterais, a jogada do gol de empate seria por dentro, com um belo passe de Paul Scholes para Rooney, que recebeu sozinho e finalizou. Gol de Rooney, 2 a 2. Após isso, Old Trafford esquentou ainda mais. A torcida vibrava forte, o United pressionava e o Milan recuava mais. Apesar das poucas alternativas da equipe, Cristiano Ronaldo vencia quase todas as jogadas de drible que tentava, mas nem sempre conseguia concluir bem; e outros jogadores, como Ryan Giggs, Rooney e Scholes, apareciam mais na partida.
Com a defesa se segurando bem, o Milan foi tentar sair para o jogo, novamente com a velocidade e com as ultrapassagens dos laterais. Contudo, a defesa ficou mais exposta e não conseguiu conter o passe em profundidade de Giggs para Rooney, que adiantou a bola e finalizou na saída de Dida. Gol de Rooney, que encerrava uma partida única num 3 a 2 de duas viradas emocionantes.
As consequências do jogo e o futuro das equipes
Com a vitória, o Manchester United tinha a vantagem na outra semana, mas acabou tomando um 3 a 0 em San Siro e disse adeus à competição. Mas acabaria, nessa mesma temporada, se consagrando campeão inglês com uma grande campanha. Na temporada seguinte, a equipe venceria a Champions League e a Premier League, com o Chelsea sendo vice-campeão nas duas campanhas. Em 2008/09, chegaria em outra final de Champions, perdendo para o Barcelona, mas ganharia a Premier League, o Mundial de Clubes e a Copa da Liga Inglesa.
Já o Milan, derrotaria outro inglês pela Liga dos Campeões, ou melhor, vingaria a virada que sofreu do Liverpool na final de 2004/05, levando o título de 2006/07 contra os Reds. Na temporada seguinte, cairia nas oitavas de final da competição continental e nem se classificaria para a do ano seguinte. A partir daí, a equipe caiu de rendimento. Seria campeão italiano em 2010/11, mas nunca mais conseguiu ser relevante na Champions League e disputou sua última edição em 2013/14.
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