As 6 equipes mais desesperadas por um quarterback no Draft da NFL

As equipes da NFL sonham em mudar de patamar na liga, e o caminho mais fácil talvez seja através do Draft.

 


Reprodução/Niner Noise

É possível dizer que o Draft é a principal realização dos esportes americanos durante o ciclo de uma temporada. Não que os jogos, a competição e as rivalidades sejam inferiores, mas muito por conta de o Draft ser algo único da cultura esportiva dos EUA e ser um fator de diferenciação de outras ligas e modalidades. Nesta quinta-feira (29), teremos o Draft 2021 e um fato nem sempre tão comum aconteceu: cinco prospectos altos de quarterbacks. E como é de conhecimento geral, trata-se da posição mais importante do jogo.

Com um cenário de vários QBs com grandes chances de darem certo na liga, é fácil lembrar do Draft do ano passado, onde Joe Burrow, Tua Tagovailoa e Justin Herbert despontavam como grandes prospectos, assim como no ano de 2017, que saiu Mitchell Trubisky, Patrick Mahomes e Deshaun Watson. Em 2021, o fator diferenciador é o QB Trevor Lawrence, de Clemson, que é tratado como um talento geracional; além disso, a classe desse ano conta com Zach Wilson, Justin Fields, Trey Lance e Mac Jones, todos bons prospectos e de níveis parecidos.

Pelo fato de ter muitos QBs e muitas equipes interessadas, é preciso pontuar quais são os times que mais cobiçam esses jovens talentos e como estão lidando com as possibilidades de subir na sequência do recrutamento e quem pegar. Abaixo, está listado seis equipes que mais precisam, querem e podem se movimentar por um dos cinco jogadores. A ordem foi feita a partir da posição de escolha da equipe.

1 - Jacksonville Jaguars (1ª escolha)

Se uma equipe ganhou a oportunidade de escolher primeiro no Draft, na grande maioria dos casos, ela precisa de um quarterback. Esse é o caso dos Jaguars, que viveu com o QB Blake Bortles desde 2014 até 2018, com destaque para a temporada de 2017, onde a equipe da Florida chegou até a final de conferência - muito por conta de sua grande defesa. Em 2019, tentaram melhorar a equipe com o campeão do Super Bowl LII Nick Foles, mas em apenas quatro jogos ele se machucou e a responsabilidade caiu no colo de um calouro de sexta rodada, Gardner Minshew II.

Após a grande temporada de 2017, os Jaguars não conseguiram manter o nível, e aos poucos foram trocando ou liberando seus melhores jogadores, com a clara intenção de uma reconstrução. Isso foi bastante nítido nos anos de 2019 e 2020, porque abriram mão de diversos jogadores importantes, como Leonard Fournette, Calais Campbell e Jalen Ramsey. Portanto, era iniciada a tentativa de "tankar", ou seja, colocar uma equipe bastante limitada para perder os jogos da temporada e garantir a primeira escolha geral do Draft que vem. Dito e feito.

Com uma campanha de 1-15, sendo as 15 derrotas de forma consecutiva, a primeira pick do Draft é dos Jaguars, e obviamente será o QB Trevor Lawrence, um dos melhores prospectos da posição dos últimos tempos. Ele será peça chave na reconstrução da franquia, mas terá de enfrentar as limitações que existem por todo o time, inclusive na linha ofensiva. Além disso, Lawrence será fundamental na construção de imagem dos Jaguars, que carecem de ídolos e de jogadores que representem a franquia de maneira geral.

2 - New York Jets (2ª escolha)

Talvez uma das histórias mais interessantes da temporada passada foi assistir qual franquia, Jets ou Jaguars, teria a pior campanha e selecionaria Trevor Lawrence. Como todos sabem, os Jets perderam essa disputa, mesmo com 14 derrotas nas primeiras 14 partidas da temporada passada; as vitórias contra Rams e Browns nas semanas 15 e 16 inviabilizaram esse cenário que tantos torcedores já sonhavam. Um outro cenário favorável para escolher um quarterback foi em 2018, quando os Jets tiveram a terceira escolha geral no Draft, e optaram por Sam Darnold. Porém, as lesões e o comando de Adam Gase nos últimos dois anos não foram interessantes para o QB e para a franquia.

Para que o problema não se repita, Adam Gase fora demitido e Robert Saleh, ex-coordenador defensivo do San Francisco 49ers, foi contratado por cinco anos para modificar esse cenário caótico. Desde 2015, os Jets não garantem uma campanha positiva na NFL, e, desde então, figuram-se entre os piores ataques da liga. A única ressalva da equipe é a defesa terrestre, que não figura entre as melhores, mas é um dos pontos positivos que Saleh poderá trabalhar melhor. Além de Saleh vindo dos 49ers, tem também o coordenador ofensivo Mike LaFleur (irmão mais novo do treinador dos Packers), que estreará na função após três anos como coordenador de jogo aéreo.

Com isso, entrará a figura de Zach Wilson, jovem QB de BYU, que vem sendo muito especulado para ser a segunda escolha geral desse ano - apesar de muitos não acharem que ele é, de fato, o segundo melhor QB da classe. Uma temporada nova com tudo novo dentro dos Jets, uma franquia que possui muitos fãs ao redor dos EUA e está vivendo à margem das outras equipes de sua conferência e de toda a NFL. Tanto Saleh quanto Wilson, serão importantes na evolução do time.  

3 - San Francisco 49ers (3ª escolha)

Chegando na que talvez seja a pick mais interessante dessa temporada. Os 49ers terminaram a temporada de 2020 com uma campanha de 6-10, o que valeria a 12ª escolha geral do recrutamento. Contudo, trocou com o Miami Dolphins, que garantiu duas escolhas de primeira rodada para 2022 e 2023, além da 12ª desse ano e uma escolha compensatória de terceira rodada. E se a equipe abriu o bolso para subir até a terceira escolha, definitivamente será um quarterback.

Mas essa subida por um jogador dessa posição não é surpresa nenhuma. Há descontentamento geral com o QB Jimmy Garoppolo, que além de não ser muito confiável para a posição, sofre com lesões frequentemente. Mesmo que ele tenha sido o titular da temporada quase vitoriosa de 2019, quando o jogo apertava, ele não tinha aquele estilo e talento do jogador que comanda o ataque e impulsiona a equipe para a vitória, como tem os grandes jogadores da liga. E como as equipes da divisão oeste da NFC continuam se reforçando - como os Rams, que sofriam do mesmo problema dos 49ers e contrataram Matthew Stafford - é preciso se igualar aos adversários.

Com uma situação tão interessante quanto essa, surge uma outra dúvida para o time de San Francisco: qual jogador selecionar? As opções restantes, considerando que os rumores de Zach Wilson nos Jets sejam corretos, são Justin Fields, Trey Lance e Mac Jones. Dentre os três, diversas fontes apontam que Mac Jones será o escolhido, mas a indecisão entre eles é bem grande, e é algo que gerará bastante ansiedade até o evento do dia 29, principalmente para os torcedores vermelho e dourado.

4 - Denver Broncos (9ª escolha)

Mesmo não estando próxima das primeiras escolhas, a equipe de Denver é uma das candidatas por um QB nesse Draft. Afinal, a inconsistência de Drew Lock ainda é algo que limita os Broncos a pensarem mais alto na conferência americana. A campanha de 5-11 ofusca um pouco o fato de Denver ter sido a segunda equipe que menos tomou touchdowns aéreos de toda liga, sem falar na defesa como um todo, que é especialidade do head coach Vic Fangio.

E não é de hoje que a defesa dos Broncos é considerada forte, pois há anos que vem construindo essa reputação, mesmo que não tenha nomes tão fortes quanto antes. Porém, o ataque é algo que deixa a desejar. Desde a conquista do Super Bowl 50, que culminaria, também, na aposentadoria de Peyton Manning, a equipe de Denver não conseguiu mais encontrar um QB de alta performance. Atualmente, o time é comandado por Drew Lock, um jogador de segunda rodada do Draft de 2019 que ganhou espaço em seu ano de calouro após lesão de Joe Flacco e mal desempenho de Brandon Allen.

Em 2020, ele ganhou a oportunidade de ser o quarterback da franquia, mas pouco impressionou durante os jogos e ainda se lesionou; fomentando ainda mais a ideia da equipe de não o ter como titular futuramente. Por isso, os Broncos estão bastante interessados nessa interessante classe de novatos de 2021. Mesmo após a confirmação da chegada de Teddy Bridgewater, os Broncos olham com bons olhos para algum talento que estiver disponível.

5 - New England Patriots (Pick 15)

A vida dos torcedores dos Patriots caiu muito de produção. Após anos e anos de glória com Tom Brady comandando a equipe, chegou uma fase mais complicada. A campanha 7-9 do ano passado foi a primeira negativa de todo século, sendo a última lá no ano 2000. Além da fase ruim, ter perdido um grande ídolo e o maior jogador da história do esporte não ajudou muito nessa tentativa de recomeçar. Até porque as dificuldades em algumas posições, como recebedores e defensores contra a corrida, continuaram, e a atuação de Cam Newton também não foi nenhum alento para os fãs.

Com esse cenário, a temporada de 2021 apareceu como uma tentativa de corrigir alguns erros. Na Free Agency dessa temporada, a equipe de New England foi a mais ativa no mercado e definitivamente mudou um pouco de patamar para a próxima temporada, com as chegadas do LB Kyle Van Noy e do TE Hunter Henry - sem falar nos muitos jogadores que não jogaram a temporada passada por conta da pandemia e estarão de volta para esta. Com diversas posições sendo recheadas, um novo quarterback poderia ser bastante impactante para os Patriots.

Apesar de muitos novatos não conseguirem entregar uma alta performance logo de cara, qualquer nova peça seria uma grande aquisição, não só para a equipe como para os torcedores também, que buscam identificação com um novo alguém, visto que os principais craques dos últimos anos saíram ou se aposentaram, como no caso de Julian Edelman. Cam Newton também retornará ao time, mas agora com bem menos entusiasmo das pessoas e com descrença que ele possa ser o futuro da franquia. Para conseguir um quarterback, os Patriots precisarão ter a sorte de sobrar um dos cinco até 15ª escolha ou eles terão que subir para isso, portanto será uma narrativa interessante de acompanhar no Draft.

6 - Chicago Bears (20ª escolha)

Se a posição mais importante do futebol americano estiver sendo debatida, com certeza o Chicago Bears será uma pauta. Não pela excelência de Nick Foles e Mitchell Trubisky, mas o contrário. A campanha 8-8 do ano passado, com direito a uma sequência de 5-1 no começo, foi suficiente para chegar nos playoffs da conferência nacional, mas não deixou seus torcedores satisfeitos. Em 2017, Trubisky foi selecionado pelos Bears, que chegaram a subir para a segunda colocação para escolhe-lo, e assumiu a titularidade no mesmo ano, após início ruim de Mike Glennon.

Apesar de ter sido selecionado para o Pro-Bowl de 2018, liderando os Bears numa campanha de 12-4, ele nunca foi uma certeza, até porque nessa campanha de 12 vitórias os principais elementos da equipe eram a defesa e o jogo corrido. E essa foi a tônica do time de Chicago nesses últimos anos: uma boa defesa com um ataque pouco produtivo. Trubisky não teve uma evolução ou estabilização, sempre fora muito oscilante, podendo estragar um jogo inteiro numa semana e atuar como um MVP na outra. Cansados disso, os Bears, em 2020, contrataram Nick Foles, campeão em Philadelphia, que poderia chegar como titular.

Mesmo assim, Trubisky se manteve na posição. Não por muito tempo. Logo depois de alguns jogos, Nick Foles assumiria a titularidade, mas o destino colocou mais uma vez o Mitchell Trubisky em campo, após o ex-campeão ter se lesionado. Mesmo tendo ajudado a equipe a chegar nos playoffs desse ano, o QB de 26 anos não teve seu contrato renovado e Andy Dalton chegou para a posição. Contudo, saiu rumores da tentativa dos Bears de contratar Russell Wilson, numa proposta bastante recheada, que os Seahawks não aceitaram. Portanto, é bem plausível que Chicago possa fazer uma nova oferta e subir no Draft, visto que um QB de qualidade poderia significar uma boa evolução do time. Além disso, a equipe já mostrou coragem anteriormente, subindo no Draft por Trubisky: não tem medo de arriscar.

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