Mesmo perdendo seu melhor jogador, RB Leipzig continuou forte na Alemanha

A ausência de Timo Werner não foi suficiente para quebrar a boa fase do time alemão, que ostenta o seu projeto e estilo de futebol para se estabelecer de vez.

Forsberg e Dani Olmo
Reprodução/Futebol na Veia

Associada como uma liga pouco competitiva e dominada por apenas dois clubes, a Bundesliga não possui a mesma grandiosidade como outras ligas internacionais carregam aqui no Brasil. Mesmo que Bayern de Munique e Borussia Dortmund sejam duas equipes com muitos fãs por aqui, poucos clubes conseguem competir com esses dois gigantes na Alemanha. Contudo, nesses últimos anos, o RB Leipzig surgiu com muita força nessa conjuntura do futebol alemão, com a intenção de modificar essa dualidade e encabeçar um projeto ambicioso.

Como todos sabem, o RB Leipzig é a principal equipe da empresa de energéticos Red Bull, que ainda possuem o New York Red Bull (EUA), Red Bull Salzburg (Áustria) e Red Bull Bragantino (Brasil). O investimento foi iniciado em 2009, quando a empresa comprou o SSV Markranstädt, da 5ª divisão alemã, após ter sido negada por muitas outras equipes de divisões maiores. O grande investimento mesmo aconteceu em 2016, com a chegada do Leipzig na Bundesliga e 95 milhões de euros investidos para aquela temporada. Desde então, a equipe nunca terminou abaixo da 6ª colocação, com direito a ser duas vezes vice-campeão e outras duas na 3ª colocação.

Um dos grandes destaques desses seis anos na primeira divisão é justamente a consistência, mesmo que a equipe tenha vendido diversos jogadores, comprado outros e com três treinadores diferentes durante esse período. Isso ganhou mais importância com o fato de o Leipzig ter vendido seu principal jogador desses últimos seis anos, Timo Werner, para o Chelsea, antes do início desta temporada, e ter permanecido forte na Champions League, Copa da Alemanha e Bundesliga. 

Apesar das mudanças não serem tão fáceis de se adaptar, o RB Leipzig não depende - e possivelmente nunca dependerá - de jogadores específicos. Até porque um dos pilares do projeto, não só do Leipzig como de todos clubes-empresa da marca, é transformar tudo num sistema que está sempre em constante evolução e rotação. Sendo mais específico: eles buscam sempre jovens jogadores para compor categorias de base ou o próprio time principal, focando em estatísticas e trabalho forte de olheiros ao redor do mundo. Além disso, a comunicação entre os clubes é fácil, portanto, qualquer destaque do New York Red Bull ou do Red Bull Salzburg, pode pintar no RB Leipzig.

Com esse sistema, o clube não fica refém de apenas um jogador talentoso, pois o surgimento de novos é constante, assim como a venda dos mais talentosos. Afinal, uma das principais metas é fazer com que se venda muitos jogadores, para que o negócio fique cada vez mais autossustentável. O próprio Timo Werner é um exemplo disso. Foi contratado em 2016, vindo do Stuttgart por 22.2 milhões de euros, e vendido por 53 milhões de euros para o Chelsea. Outro exemplo lucrativo é o zagueiro Upamecano, que veio do Red Bull Salzburg por 18.5 milhões de euros e estreará na próxima temporada pelo Bayern de Munique, que pagou 42.5 milhões de euros pelo francês.

Além do impecável trabalho de jovens jogadores, todo o grupo da Red Bull dá um carinho especial aos treinadores de suas equipes, os quais são analisados precisamente antes de contratados e possuem um estilo de jogo semelhante entre eles. Um dos grandes pensadores dessa idealização de estilo de jogar é Ralf Rangnick, ex-diretor esportivo de todos os clubes e, também, ex-técnico do RB Leipzig. Ele acredita no jogo de transição, com muita intensidade, velocidade e marcação por pressão. Se o treinador não tiver esses conceitos, passará longe de ser uma opção para os clubes.

O fato de o RB Leipzig viver nesse mundo onde o estilo de jogo é bastante importante e os treinadores bastante perspicazes é outro cenário que ajuda na saída de jogadores. A de Timo Werner pode até ter impactado a equipe a princípio, mas com jogadores à reposição e um técnico capaz de solucionar o espaço deixado, o sistema vai continuar funcionando. E foi exatamente essa capacidade de solucionar o vazio deixado por Werner que consolidou ainda mais o jovem técnico Julian Nagelsmann, que fez uma grande primeira temporada a frente do Leipzig, e uma segunda ainda melhor, sem Timo Werner.

Mesmo que Timo Werner tenha saído e Nagelsmann partirá para o Bayern de Munique ao final desta temporada, novas caras chegarão para dar continuidade ao sistema das equipes Red Bull. Para o lugar de Nagelsmann, chegará Jesse March, treinador estadunidense que faz um bom trabalho à frente do Red Bull Salzburg. Na falta de mais opções para o ataque, o Leipzig já confirmou também a chegada de Brian Brobbey, de apenas 19 anos vindo do Ajax, com grandes chances de evoluir por lá. Ambas as contratações chegam para continuar a jornada que o Leipzig se propôs desde 2009; podendo dar certo ou não, mas permeando a filosofia da empresa.

Em suma, o Leipzig não depende de jogadores, treinadores ou dirigentes únicos, porque já consolidou um método de trabalho, que vem crescendo sempre. Os times da Red Bull têm uma expectativa muito alta para o futuro. Eles podem não ter tomado o caminho mais curto de PSG e Manchester City, mas cresceram no cenário e propuseram um método único dentro do esporte, que, definitivamente, será copiado e replicado como modelo de sucesso.

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