A união entre jovens talentos, contratações baratas e jogadores mais experientes fazem da equipe alemã um dos melhores trabalhos de gestão de elenco.
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Há muito tempo que o futebol deixou de ser o que está por dentro das quatro linhas. Ou melhor, ele nunca foi, apenas, sobre o que acontece entre as quatro linhas. Mas nas últimas décadas, cresceu ainda mais o interesse dos aficionados no mundo da bola no que permeia o esporte. Seja o Direito Desportivo, análise tática, Scouting ou política, por exemplo, todos ganharam pessoas interessadas nas extensões esportivas, como se fosse um pré-requisito para se tornar, de fato, um fanático pelo esporte.
Um dos grandes temas que cresceu desde o início do século XXI é os negócios. O futebol europeu deu um salto econômico em relação aos demais, muitos times entravam em crises e outros renasciam das cinzas, novos investidores surgiam e contratações astronômicas aconteciam. Todas essas novidades apareciam e surpreendiam muitas pessoas, cujos interesses se voltavam no porquê de tantas equipes irem bem e outras mal, com investimentos similares.
E um dos maiores exemplos de gestão financeira e trabalho é do Borussia Dortmund. A equipe da cidade de Dortmund quase decretou falência em 2005, e ainda teve que viver a primeira década dos anos 2000 com muitas dificuldades. Depois do susto, a equipe deu início a uma nova filosofia de trabalho, encabeçada pela contratação do ex-técnico do Mainz 05 Jürgen Klopp, que chegou para a temporada 2008/07. Com ele, a equipe caminharia para um bicampeonato alemão em 2010/11 e 2011/12, além de uma final de Champions League na temporada 2012/13.
Para tamanho sucesso, principalmente competindo contra um gigante como o Bayern de Munique, o Borussia Dortmund precisou colocar sua equipe de olheiros para trabalhar. Até porque o grande triunfo da equipe foi encontrar jogadores em ligas menores, contrata-los por um preço baixo e revende-los futuramente por um preço bem maior. Um dos casos célebres do Borussia foi com Gundogan, peça fundamental no Manchester City atual, que foi comprado junto ao FC Nurnberg por 4 milhões de euros e vendido, posteriormente, por 27.
Com o passar dos anos, a equipe não deixou essa estratégia morrer e foi aperfeiçoando cada vez mais. Os jogadores mais lucrativos da história foram nos últimos anos: Pulisic, em 2018, por 64 milhões de euros e Dembélé, em 2017, por 135 milhões de euros. E os lucros altos da última década não fizeram com que os investimentos fossem astronômicos. A estratégia de focar em jovens talentos continuou forte. Um dos jogadores mais cobiçados do mercado atualmente, Erling Haaland, chegou do Red Bull Salzburg por apenas 20 milhões de euros, e hoje está com um preço de venda, estipulado pelo próprio Dortmund, de 180 milhões de euros.
Além de Haaland, o Borussia Dortmund foi a escolha de uma das promessas do futebol inglês Jadon Sancho, que negou esperar por oportunidades num disputado elenco do Manchester City, e decidiu partir para a Alemanha. O sucesso do jogador atrai novos olhares e inspira ainda mais novos talentos a se juntarem ao Borussia: como foi o caso de Jude Bellingham. O jovem inglês poderia ter saído do pequeno Birmingham para uma equipe da Premier League, mas decidiu seguir o caminho trilhado por Sancho.
Contudo, o grande foco de jovens jogadores está em ligas menores, de países com cultura futebolística menor. Com a mudança de foco do mercado de contratações nos últimos tempos, deixando de contratar jogadores carimbados caríssimos e optando por promessas baratas, a concorrência é maior, e quanto mais alternativo for a nacionalidade ou o lugar onde joga, menor será a briga. Seguindo esse exemplo, o estadunidense Giovanni Reyna saiu da base do New York City FC e foi para a base do Dortmund, assim como as duas promessas alemãs Youssoufa Moukoko e Steffen Tiggs, que vieram de equipes de base pequenas da Alemanha.
Porém, não só de jovens vivem as equipes de futebol. O Borussia Dortmund tem a melhor construção de elenco não só pelo grande trabalho de Scouting de jogadores, como também pelo balanceamento de promessas, com jogadores nem tão jovens assim e atletas mais experientes. Contendo uma média de idade do elenco aproximadamente em 25 anos, jogadores como Hitz (33), Hummels (32), Piszczek (35), Witsel (32) e Reus (31) aumentam a média de idade, mas servem como grandes referências aos mais jovens. Além disso, o Borussia é mestre em contratar bons jogadores, nem tão jovens nem tão velhos, esquecidos em algumas equipes ou não negociados, como Thorgan Hazard (27), Thomas Delaney (29) , Emre Can (27) e Meunier (29).
Com essa união de três grupos de idades, o Borussia Dortmund vem crescendo no cenário mundial, mesmo enfrentando dificuldades contra o Bayern, mas tentando preencher o abismo que havia - e ainda há, financeiramente - entre eles. O diretor de futebol Michael Zorc foi um dos responsáveis em implementar esse sistema de "Moneyball", inventada através do Baseball, mas popularizada em muitos esportes, onde os números, scouts e mapeamento de jogadores ganham força. O Dortmund virou a casa de jogadores que querem evoluir, mas também é o lugar onde é visto uma das melhores gestões financeiras de todo o futebol. A garantia de títulos vai além da gestão do elenco, porém é um caminho que aparenta limpo para um futuro de sucesso.
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