A reconstrução bem-feita no Athletico Paranaense

A equipe vence o seu segundo título da Sul-Americana, mas desde o primeiro, muito trabalho foi feito e, consequentemente, acabou consolidado pelo título.


Foto: Divulgação/Twitter/Athletico Paranaense

Neste último sábado (20), aconteceu a final da Copa Sul-Americana no estádio Centenário, em Montevidéu, Uruguai. O Athletico Paranaense saiu com o troféu após ter vencido o Red Bull Bragantino por 1 x 0, com um golaço de voleio de Nikão. Portanto, o clube do Paraná conquistou o seu segundo título continental da sua história, sendo que o primeiro ocorreu apenas três anos atrás, em 2018, no time comandado por Tiago Nunes.

Apesar dos três anos de diferença, parece que passou uma década para o torcedor do Athletico. Pois, em 2020, tudo mudou para o clube. Jogadores importantes como Bruno Guimarães, Renan Lodi, Léo Pereira e Rony não estavam mais por lá. Até mesmo Tiago Nunes escolheu sair do time e comandar um novo projeto com o Corinthians. Ou seja, parecia que o desmanche seria completo, porque todas as principais peças pareciam estar escolhendo outros caminhos. Aquela derrota por 3 x 0 para o Flamego, na Supercopa do Brasil, foi uma pincelada do que viria a ser a temporada 2020.

Como resultado, no Brasileirão 2020, ficou com a 9ª colocação, o que não é ruim se comparar com as campanhas de 2018 e 2019, que resultaram numa 7ª e 5ª posição respectivamente. Mas, as quedas na Libertadores e Copa do Brasil, ainda nas oitavas, não foram bacanas. Portanto, a impressão que deixou, principalmente após passar aquele ano com três treinadores diferentes, era de que o clube ia cair de nível e recuar todo o progresso dos últimos anos.

Inclusive, vale ressaltar toda a mudança que o Clube Athletico Paranaense vivenciou nesses últimos anos. No final de 2018, após o primeiro título continental da sua história, o time divulgou a nova identidade: nome, escudo, uniforme, mascotes, todos diferentes. A princípio, muitos não gostaram da ideia, claro, pois era bastante diferente do que os torcedores estavam habituados. No entanto, com o passar dos anos, foi nítido como essa diferença engrandeceu a instituição e diferenciou-se dos demais clubes rubro-negros do país.

Sendo assim, com toda essa transformação do Athletico, de dentro para fora, seria uma pena que o nível de futebol caísse. De fato, ele caiu, mas não durou muito tempo. A pandemia, nesse cenário, obrigou todos os times do futebol a cortar gastos e cuidar de suas finanças. Por sorte, o Furacão estava em alta, pois vinha de títulos importantes e vendas astronômicas, como a de Rony, que trouxe 25 milhões de reais aos cofres. Além disso, depois da fase mais complicada da pandemia ter passado, a situação da instituição era invejável, contendo apenas a dívida da Arena da Baixada.

Com as partes administrativas bem gerenciadas, a parte esportiva pôde voltar a prosperar também. Entre 2020/21, o clube contratou Abner, Matheus Babi, David Terans, Pedro Henrique, Pedrinho, Lucas Fasson e Renato Kayzer, todos por volta da casa do um milhão de euros - com exceção de Abner, que custou 2.40 milhões de euros. Além disso, sem custo, vieram Nicolás Hernandez, Marcinho, Ravanelli, Bissoli, Pedro Rocha, Carlos Eduardo e Richard - estes quatro últimos por empréstimo.

Ainda por cima, vale ressaltar como alguns jovens ganharam cada vez mais espaço no time: Abner, Erick, Nicolás, Christian, Khellven e outros. Sem esquecer, também, dos mais experientes, como Thiago Heleno, Márcio Azevedo, Nikão, Léo Cittadini e Santos. Dessa forma, o clube conseguia fazer uma mistura bastante interessante entre experientes, jovens e contratações precisas. À exemplo, David Terans é o artilheiro e assistente do time na temporada e veio por um preço acessível.

Foto: Reprodução/ge.com

Entretanto, para tudo isso funcionar, era preciso ajustar o comando técnico. Como foi dito, em 2020, passaram três nomes por lá: Dorival Jr., Eduardo Barros e Paulo Autuori, este permaneceu até 2021, quando se tornou diretor-técnico. Nesse processo, o auxiliar dele, António Oliveira assumiu o cargo de treinador.

Surpreendentemente, o português fez um trabalho muito concreto no Athletico, principalmente nos mata-mata, sendo ele um dos responsáveis pelo clube ter ido tão longe em dois. Mas, o treinador pediu demissão após a queda para o Cascavel no Campeonato Paranaense, em setembro - que ainda estava acontecendo naquele período. Bruno Lazaroni assumiu interinamente até que Alberto Valentim fosse anunciado. Em poucos jogos, o ex-técnico do Palmeiras conseguiu reorganizar o elenco e carimbou a passagem do Furacão para a final da Copa do Brasil, derrotando o Flamengo por 3 x 0 em pleno Maracanã.

Em suma, num curto período de tempo e após tantas mudanças no elenco e comissão técnica, o Athletico Paranaense retoma o posto dos anos atrás, na época que ganhou Sul-Americana e Copa do Brasil. Olhando por fora, é nítido como as contas em situações confortáveis ajudaram o clube a se reestruturar através de contratações pontuais e sem extravagâncias. Além disso, a instituição possui uma mentalidade forte para o futebol, o que vem provando desde o início do sucesso com Tiago Nunes, com ideias muito claras e um projeto esportivo de personalidade. Parece que não, mas isso faz toda a diferença e diferencia os bons dos medianos.

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